Você acha possível que uma empresa com um produto de qualidade inferior ao mercado conquiste uma legião de aficionados por ele?

Poucas empresas conseguem construir marcas que se tornam ícones culturais, mas, quando isso acontece, os argumentos técnicos podem inclusive ser deixados de lado pelos consumidores que entram em uma relação de paixão com as marcas que mais admiram.

A qualidade inferior de um produto pode ser perdoada desde que a história e a identidade representem o seu público.

A Harley-Davidson Motor Company é um case desse fenômeno. Por exemplo: quando comparadas com modelos das rivais japonesas Suzuki e Kawasaki, pode-se concluir que suas motocicletas têm motores menos potentes.

Além disso, os modelos da Harley são famosos por problemas gerais e vazamentos de óleo. Se você tiver a oportunidade de comprar uma, tenha em mente que precisará de alguma experiência como mecânico.

Não só no mundo das motocicletas, mas também no cenário automobilístico em geral, velocidade e conforto parecem ser os atributos-chave para a decisão de compra. Se a Harley não é referência em nenhuma dessas virtudes, por que as pessoas amam essa marca?

Mark Hans Richer, antigo CMO da marca, nos ajuda a explicar.

A Harley não é uma marca automotiva. Pode ter um motor, pode ter rodas e pode rodar em estradas, mas é aí que as semelhanças param.

A empresa não se preocupa em comunicar as especificações do produto. Ela está preocupada em despertar emoções, promover valores e se conectar com o público.

Sonny Barger, fundador do Hells Angels Motorcycle Club, clube americano formado por motociclistas fiéis à marca, nos explica um pouco sobre os valores que são capazes de criar essa forte relação.

“O que realmente importa com uma Harley-Davidson é o som… todo mundo adora esse estrondo. Outra coisa que os proprietários de Harley realmente desejam em suas motos é o torque baixo, a potência bruta logo que você acelera. Acaba muito rápido quando você passa dos 145 quilômetros por hora. A maioria dos motociclistas de Harley não se importa com alta velocidade, eles preferem ter aquele torque baixo que borbulha em sua virilha e dá aquela sensação de poder. As motos japonesas, embora tenham potência, não dão essa sensação de poder.

Os atributos da marca são inseridos em sua estética, em seus sons. Tudo na Harley transmite uma imagem crua e forte, fazendo com que a marca traduza a personalidade de pessoas que desejam uma vida de liberdade e ausência de regras.

Mas e quanto aos famosos problemas mecânicos da motocicleta? Até isso consegue ser bem-visto pelo público? Sim, a Harley faz branding inclusive com seus defeitos. Vai dizer que você não ficaria “casca-grossa” consertando a própria moto?

Ter uma grande marca nem sempre significa ter o melhor produto.

Negócios, decisões, produtos e soluções (e até mesmo os problemas técnicos) devem servir a um único propósito: representar valores.

Como a sua marca se conecta com seu público? Nós podemos ajudar você a descobrir.

 

Matheus Sesterhenn

Estratégia

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