No dia em que o cupido me acertou, certamente algo de errado não estava certo.

Desde pequena, uma paixão nasceu na minha vida, algo me marcou, me tornei fissurada, uma criança que só pensava nele: o supermercado.

Eu sempre gostei muito de marcas. Era algo tão natural que eu só fui perceber o nível depois que eu caí no mundo da publicidade. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que vi um ponto de venda da Oreo no Brasil, quando a batata Lays chegou as nossas gôndolas ou de quando lançaram a Fini.

Até hoje, para mim, ir ao mercado é um tipo de passeio. Eu gosto de observar, procurar o que vi nos anúncios, tentar entender por que certo produto megaindustrializado está na área da padaria dando uma de artesanal, por qual motivo certo produto trocou de lugar e me fez dar voltinhas pelo mercado, que marca está pagando mais para ficar bem ali em frente aos nossos olhos e quais produtos estão no caixa para serem escolhidos por puro impulso.

Muitas vezes chegamos lá no automático, e eles já estão nos esperando exatamente assim, prontos para nos conquistar com suas milhões de estratégias, tudo muito bem pensado. Cada detalhe importa. É tudo intencional.

O supermercado é uma infinidade das mais variadas marcas e produtos de diversos setores; você sai da área dos doces direto para a pet e logo em seguida da uma passadinha no corredor das piscinas.

”Hoje é impossível imaginar o mundo sem os supermercados. É igualmente inimaginável concebê-los sem as marcas e, mais inviável ainda, é o mundo, os supermercados e as marcas sem os consumidores.”

Livro Cinquenta anos de supermercados no Brasil

Em 2017, a Revista Superinteressante revelou os “12 truques dos supermercados para você gastar mais”, e o artigo incluía tópicos como o efeito “direto da fazenda” em que frutas, verduras e legumes são colocados em caixotes e cestas dando a impressão de fresquinho e sem agrotóxicos. Nem o tamanho do carrinho escapa, afinal, se você colocar dez itens num carro pequeno, vai parecer que ele está cheio e seu cérebro receberá um sinal de alerta: “Pare de comprar”; um carrinho maior evita essa percepção. Biscoitos e balinhas sempre nas prateleiras debaixo, é claro, assim ficam bem na visão dos seus filhos. Relógio? Para quê? Não tem necessidade, assim você perde a noção de hora e passa mais tempo comprando.

Em “O Paladar Não Retrocede”, Carlos Ferreirinha ensina como negócios de diferentes segmentos podem se diferenciar a partir da inteligência utilizada pela gestão de luxo e conta como é fundamental criar valor em produtos e serviços com o objetivo de alcançar novas demandas de mercado, planejando diferentes ações, investindo em pesquisa e principalmente estando comprometido com a excelência e a obsessão pelos detalhes. Tudo isso para surpreender o mercado, e principalmente, o consumidor.

Que o varejo e as grandes empresas pensam em cada detalhe para atrair e principalmente influenciar o seu consumidor, todos nós já sabemos. Agora, se você quer que o seu negócio cresça, não esteja atento só aos detalhes, mas faça como os grandes e invista em estratégia.

Desde criança, um detalhe fez com que, até hoje, a minha família nunca permita que eu esqueça o quanto eu gosto dessa parte do varejo. Quando eu era pequena, eu morava em frente a um supermercado, e todos os dias, no fim da tarde, eu cuidava o meu pai chegando do trabalho e, então, já corria para a porta e repetia a tradicional e implorada frase: “Pai, vai no mercado”. Sim, esse era o ponto alto do meu dia e, acredite, foi algo que se tornou tão forte que, no Dia dos Pais, quando a professora disse para a minha turminha do pré escrever uma homenagem com algo que mais lembrava o seu pai… Sim, foi isso mesmo: “pai, vai no mercado”.

 

 

Ana Paula Cadaval

Estratégia

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