Com uma das curvas de adoção mais bizarras da história, o ChatGPT conseguiu atingir 100 milhões de usuários em apenas 2 meses, muito à frente de outras tecnologias consagradas e redes sociais por aí. É fácil também entender o motivo: ele pode fazer muito bem tarefas operacionais, chatas e cansativas, que muitas vezes demorariam horas, em alguns poucos segundos. Quem não quer delegar essas coisas, não é mesmo? E o melhor: não reclama e está sempre disponível.
Isso obviamente trouxe preocupação para muitos profissionais que fazem tarefas operacionais, chatas e cansativas. Vou ficar sem emprego? Bom, difícil responder com 100% de certeza, mas eu ficaria um pouco preocupado. Mas e os publicitários? Não deveriam se preocupar também? Afinal, o ChatGPT poderia ajudar a criar redações, e outras inteligências artificiais relacionadas às imagens, como o Midjourney, poderiam criar a arte e voilà: lá se foi o modelo de negócio das agências de publicidade, disruptadas pelos nossos novos colegas de trabalho.
Se o seu trabalho se resume a apenas criar, produzir conteúdos em quantidade e não se aprofundar de fato no que está fazendo, tenho uma má notícia para você: um chat já está fazendo o seu trabalho. Mas o valor está nisso? Produzir em quantidade? Na indústria criativa, muitas vezes a quantidade acaba levando à qualidade, pois explorando vários caminhos se tem uma ideia mais clara das oportunidades que uma campanha ou um modelo de negócios pode ter. Mas ainda assim, em algum momento, alguém precisa tomar uma decisão do caminho a ser seguido.
Por isso, o valor jamais esteve na criação de diversas ideias, na produção infinita de conteúdo ou qualquer tipo de estratégia que privilegia exclusivamente a quantidade. Em um mundo de produção infinita, ser o filtro, entender o contexto e saber o que irá tocar o coração de consumidores serão a diferença entre os vencedores e os que ficarão pelo caminho sendo substituídos pelas novas tecnologias. No fim do dia, a sensibilidade humana ainda é necessária, uma das poucas características que – ainda – não foram aprendidas pelas máquinas.