É domingo de manhã.

Passamos, minha namorada e eu, na frente de um tradicional prédio da cidade. O térreo é uma grande sala comercial que ostenta várias placas de “aluga-se”.

Minha namorada comenta: “Olha só, tá pra alugar. Eu achava que aí ainda era o Bamerindus”.

Rimos.

A piada entrega a nossa idade.

Na mesma hora me vem à mente o jingle: “O tempo passa, o tempo voa… e a poupança Bamerindus continua numa boa…”. Só quem já passou dos 40 pode ter essa referência. Se bem que, hoje, é só dar um Google.

Sigo a brincadeira: “Só falta agora tu me dizer que comprava na Mesbla”. Ela confirma, dizendo que lembra quando ganhou, na infância, sua boneca Bate Palminha, da Estrela. O papel de presente rasgado ansiosamente, segundo ela, estampava o logotipo da loja.

Por que estou contando essa história? Só pra dizer o seguinte: o verdadeiro valor de uma marca são as experiências que ela proporciona. Boas ou ruins. De consumo de produtos ou de propaganda. É esse patrimônio de experiências que perdura. Que faz uma marca viver para sempre, ou, pelo menos, por muitos anos além da sua própria “morte”.

Mas que benefícios essas marcas poderiam ter com isso? Num mundo hipotético (sem possíveis empecilhos judiciais), eu diria o seguinte: se fossem ressuscitadas hoje, elas teriam grandes chances de arrebatar uma multidão de saudosistas. E rentabilizar com isso. Será?

Prefiro dizer que elas servem mais como exemplo. Uma prova viva (ou nem tanto assim!) de que é possível alcançar longevidade por meio de uma relação emotiva com o imaginário e a memória das pessoas.

Para terminar, uma imagem poética. Dizem que muitas estrelas que vemos no céu, na verdade, já morreram. É apenas a sua luz que continua viajando pelo universo. Gosto de pensar que acontece o mesmo com as marcas e com as pessoas. Seu impacto sobre a vida das outras pessoas é o que realmente importa e permanece.

Vitor Simon

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