As boas ideias a gente não esquece. É o que dizem. 

Mas se fosse o contrário? 

Imagine. 

Um excêntrico professor de uma formosa universidade abre sua pesquisa. Ele mostra métodos precisos, dados irrefutáveis e uma constatação inegável: são as boas ideias que a gente esquece. 

Imaginou? 

Aterrorizante, não é? 

Um mundo onde, comprovadamente, fica evidente a verdade: você esquece o que pensa de melhor. 

O que seria da humanidade? Como ela conviveria com a certeza de que todos os problemas já foram resolvidos? Entretanto, as grandes soluções foram, literalmente, deletadas de nossas memórias frágeis.  

Estaríamos desesperançados e tristes. Para que tanto trabalho? Se vamos esquecer do nosso melhor, valeria a pena tentar? 

Eu, por exemplo, no exato instante que recebesse a infeliz notícia, chegaria à conclusão de que preciso parar de pensar. 

Eu descobriria que já tive todas as ideias de que precisava para usufruir de riqueza e fama. 

Sabe? 

Sabe aquele ponto em que as pessoas têm tanta riqueza e fama que dizem que precisam de menos riqueza e fama? Pois então, eu já tive as ideias para chegar a esse ponto e… esqueci. 

Assim que o professor excêntrico da universidade formosa terminasse de apontar seu laserzinho para a grande tela onde ele daria sua palestra, eu afundaria em desespero e deselegância (geralmente, um vem acompanhado do outro). 

E, desesperançado, diria apenas que desisto. 

Desisto de tentar o romance que arremataria hordas de leitores, que fariam longas filas em frente ao shopping, enquanto seus sorvetes do Méqui derretem pela mão e escorrem pelo braço, para simplesmente se inscreverem na pré-venda. Desisto. 

Um motor que absorve gás carbônico? Desisto. 

Uma propaganda que não dá vontade de pular? Desisto. 

Uma fritura que emagrece? Desisto. 

Um cartão de crédito que paga a fatura pra você? Desisto. 

Um jeito de convencer minhas filhas a contar histórias para eu dormir? Desisto. 

Nessa hora, eu saberia. É melhor desistir. 

Eu já criei tudo isso. Mas esqueci. 

Eu, talvez, já tenha pensado num método para cercar os sorteios da Mega-Sena com apostas de vinte reais. Ou, talvez tenha pensado num método que não precisasse de vinte reais. Ou, talvez, tenha pensado num jeito que eu não precisasse da Mega-Sena. Talvez eu tenha pensado num jeito de não precisar mais pensar. 

Entendeu a angústia? 

Na boa, acho que professor excêntrico existe. Mas, como era uma ótima teoria, ele esqueceu. 

E eu tive uma ótima ideia para encerrar essa crônica. Mas, como esquecemos das melhores ideias, vou encerrar assim mesmo. 

Fábio Henckel

Diretor de criação

O Fábio vai fazer você ter muitas dúvidas sobre o futuro da sua marca. E depois te ajudar a desenvolver muitas certezas sobre elas. Com 20 anos de experiência, ele já foi reconhecido com o Galo de Ouro, no Festival Internacional de Gramado, Redator do Ano no Salão Promocional da ARP e Bronze no Prêmio Latino Americano Wave

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