Conheço uma amiga que morre de medo de ondas gigantes. Uma das pessoas mais ousadas que eu conheço tem medo de aranhas. Minha mãe tem medo de altura. Muita gente sequer entra em um avião. Quase todo mundo tem medo de barata.

Viver com o transtorno de ansiedade generalizada me fez ter medo de quase tudo. Aranhas e insetos gigantes são “fichinha” perto do real medo que nos faz paralisar todos os dias dentro e fora do escritório e, principalmente, paralisa muitas empresas e marcas que também sofrem do medo de serem vistas. 

No livro “A coragem de ser imperfeito”, a pesquisadora Brené Brown mostra como a todo momento estamos nos protegendo de ficarmos vulneráveis como uma medida do nosso medo em nos manter protegidos. Quando entendemos que a vulnerabilidade não é uma vitória ou derrota, e sim uma compreensão da necessidade de ambas de se envolver e se entregar por inteiro, vivemos com ousadia e nos libertamos do medo de sermos vistos e fracassarmos. Mas o que isso tem a ver com marcas? 

Em “A Vaca Roxa”, o autor de negócios Seth Godin conta como os clientes procuram por produtos marcantes e como no mercado saturado em que nos encontramos encaixar-se significa passar despercebido. Em um mercado intenso, não se destacar é o mesmo que ser invisível. O autor deixa claro que se os novos produtos de sucesso são os que se destacam, e a maioria das pessoas não quer se destacar, você está feito! E, de acordo com ele, é justamente a imprevisibilidade do resultado que faz com que o seu projeto dê certo. Ou seja, evitar riscos é arriscado.

“Se for marcante, provavelmente haverá quem não goste de você. Isso faz parte da definição de ‘marcante’. Ninguém consegue agradar todo mundo. O melhor que o tímido pode esperar é não ser notado. A crítica vem para quem se sobressai.”

Seth Godin

A Dreamworks, empresa famosa por seus filmes como “Shrek” e “Madagascar”, entrou com muita coragem e originalidade no mercado das animações competindo com nomes como a Pixar, que logo depois se alinhou com a gigante Disney, trazendo a ironia para essa indústria e brincando até com os famosos e tradicionais personagens que estávamos acostumados a ver. Em 2002, a empresa inaugurou com “Shrek” o prêmio de melhor animação no Oscar. 

 

A sua marca não só pode como deve estar além das commodities. Em “Isso é Marketing”, o mesmo autor cita que se o seu trabalho é simplesmente uma resposta rápida a uma demanda óbvia, então suas raízes não são profundas; ou seja, ou você não vai ser visto ou vai passar despercebido por todos os outros concorrentes.

Você não precisa ser o novo Steve Jobs para ser notado. O que falta pode estar justamente naquela ideia ousada para uma campanha, o “não” para o chefe, a segunda graduação que está na cabeça, começar uma carreira nova do zero ou só desistir de algo que há um tempão está ali na mesma tecla. Quando a gente entende o que aquele “descommodity-se” gigante na tela pode significar, tudo muda. 

E aí, do que você tem medo? 

Ana Paula Cadaval

Estratégia

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