Jake e Logan Paul, irmãos, youtubers e mega-astros das redes sociais, têm abalado a forma que a publicidade é feita no mundo das lutas. Oriundos do extinto Vine, vlogueiros, ex-atores teens da Disney, entre algumas outras características pertinentes para um currículo de celebridade, recentemente os irmãos entraram no mundo dos esportes de combate, fazendo sua estreia em 2018 em uma luta de boxe amadora contra outra família de youtubers: KSI e Deji.
Com a semente plantada, a chave virou na luta de exibição entre as lendas Mike Tyson e Roy Jones Jr. em 2020, em que os garotos Paul fizeram parte do card preliminar, com direito a Jake nocauteando o ex-jogador da NBA Nate Robinson. Desde então, os irmãos têm gerado muita atenção e movimentado o mundo das lutas.
Historicamente, o esporte de combate é um mercado que não paga bem a maioria dos seus atletas e, por mais que a qualidade/capacidade dos irmãos como pugilistas seja altamente duvidosa, quando o assunto é marketing e publicidade, ouso dizer que a dupla dá aula até a Muhammad Ali.
A última luta de Jake, contra Ben Askren, ex-campeão do ONE Championship, faturou nada menos que 75 milhões de dólares e pagou bolsas muito acima do que o ex-campeão Ben costumava receber quando lutava em grandes ligas, como o UFC.
Todo esse hype em cima dos irmãos chamou atenção de ninguém mais, ninguém menos que Floyd Mayweather, multicampeão invicto de boxe. Lenda do esporte e um dos raros pugilistas com a qualidade de ser uma máquina de fazer dinheiro, Floyd também ficou de olho na atenção que os irmãos Paul vêm recebendo. Dessa forma, ele não demorou a marcar uma luta de exibição contra Logan, o irmão mais velho, por mais que o nível técnico de ambos seja absurdamente diferente, visto que de um lado temos uma lenda viva do esporte e, do outro, um youtuber. O evento foi um sucesso pela própria controvérsia e garantiu mais alguns dólares a Floyd, que estava precisando de ajuda para a sua aposentadoria.
Tyron Woodley, ex-campeão do UFC e próximo adversário de Jake, já avisou que lutar contra o youtuber vai render quatro vezes mais do que recebia no octógono.
Como é possível dois jovens com um canal do YouTube atingirem bolsas de pagamento estratosféricas e gerarem tanto burburinho no mundo das lutas, garantindo pagamentos mais gordos do que atletas cascudos como Charles do Bronx, Esquiva Falcão e Fabrício Werdum?
As palavras-chave aqui são imagem, engajamento e polêmica. Mais do que depender de uma liga esportiva, autênticos, os irmãos Paul são uma marca por si só, e o nome deles gera audiência. E tudo isso é documentado e vendido de forma profissional nas redes sociais.
É uma prática recorrente para lutadores a bravata nas redes sociais para gerar atenção para suas lutas e, assim, aumentar a venda de PPV e ganhar mais dinheiro. Conor McGregor, o notório, é um grande exemplo disso que quase todos conhecem.
Assim como o irlandês Conor, Intrigante e polêmico, Jake rouba os holofotes e ganha muita atenção da mídia aonde quer que vá. Por exemplo, o astro chamou mais atenção que algumas lutas do card na sua última aparição na plateia do UFC 261.
Hoje, qualquer lutador profissional ser chamado para o “pau” contra os youtubers é sinônimo de lucro! E os irmãos não construíram isso com suas técnicas marciais, mas sim com suas habilidades de marketing e publicidade.
Tendo uma audiência de 20 milhões de inscritos em seus canais do YouTube, com qualquer luta marcada, os irmãos já arrastam junto a atenção desse público. Mike Tyson, inclusive, chegou a alegar que os youtubers e sua audiência salvaram o esporte que estava caindo na impopularidade, visto que, ultimamente, as vendas dos principais pay-per-views da nobre arte não chegam nem perto da audiência do canal dos irmãos.
Jake e Logan vêm incomodando muita gente, atiçando as principais estrelas do esporte para os benefícios da publicidade e do marketing pessoal enquanto colocam em xeque os principais promotores das lutas ao gerar debate sobre o assunto. Será que o futuro das artes marciais será de lutadores criadores de conteúdo?