Vans, Element, DC Shoes, Santa Cruz, Qix, Flip… a lista de marcas oriundas do skate é tão longa que poderíamos encher um texto inteiro somente as citando.
Esportes radicais e seus atletas sempre foram influenciadores de comportamento.
Representando um símbolo de rebeldia principalmente para públicos jovens, atletas do skateboard sempre receberam atenção das marcas por serem muito engajadores nesse nicho.
Porém, o que já foi um esporte com um tom antissistema e relacionado à contracultura, que já foi demonizado e perseguido por familiares (inclusive pelos meus) e pela parte mais conservadora da sociedade, este ano teve sua estreia como modalidade olímpica.
O esporte surgiu em 1963 e, por muito tempo, seu consumo e suas competições eram algo muito especializado e destinado apenas ao seu grupo de nicho. Mas, ultimamente, a popularização do esporte é evidente. Por exemplo, eventos de esportes radicais, como o X Games e a Megarrampa, já tiveram sua transmissão nas grandes mídias, o que foi muito importante para o esporte se tornar “mainstream” e diminuir o preconceito do público.
Evidentemente, as marcas já estavam presentes nas Olimpíadas há muito tempo. Fornecedores de material esportivo ou nutrição, como Nike, Adidas e Gatorade, têm, em sua essência, a competição esportiva e, obviamente, sua imagem está fortemente vinculada ao torneio esportivo mais tradicional da história.
Porém, esportes como o skate não são influenciadores apenas na questão desportiva, mas são grandes ditadores de moda e comportamento. De olho nessa oportunidade, marcas aproveitaram para produzir e patrocinar os uniformes olímpicos das comitivas de skate de vários países.
O engraçado aqui é que, em um esporte tão ligado à rebeldia e à contracultura, skatistas geralmente não são associados ao uso de uniformes.
Por exemplo, a Nike SB, braço de skateboard de uma das maiores marcas de material esportivo, patrocinou 4 federações (inclusive a brasileira) e 19 atletas. Os uniformes, criados em conjunto com o artista e ilustrador holandês Piet Parra, utiliza de figuras abstratas e a identidade de cada país para produzir as artes que estampam os uniformes. As peças, que já estão sendo comercializadas pela Nike, viraram desejo de compra de muitos consumidores.
New Balance, Vans, Blind e Toy Machine são exemplos de algumas outras marcas que patrocinaram atletas nas Olimpíadas. Quanto mais o esporte se popularizar, maior será o interesse das grandes marcas em sua publicidade.
O skatista Nyjah Huston é mais um exemplo do poder comercial do skate. Grande influenciador da marca Element por anos, ele quebrou seu contrato com a marca. A Element o acompanhava desde que Nyjah era um atleta mirim.
Com 12 títulos do X Games e 4 vezes campeão mundial, Huston entende o holofote que o esporte carrega. Aproveitando a exposição nos jogos olímpicos, lançou sua própria marca, Disorder, de forma independente. Com a marca, o atleta confecciona e comercializa shapes (para leigos: é o pedaço de madeira que vai em cima das rodas).
Pensando em sua estreia nas Olimpíadas, ele lançou uma nova estampa chamada de “States” para utilizar na competição. A peça ficou esgotada em pouquíssimo tempo.
Com uma imagem bastante associada à moda, Nyjah é conhecido por usar shorts para tênis e modelos de boné “dad cap”. Na final do skate masculino, ele combinou estrategicamente suas peças preferidas com o uniforme dos EUA. E, claro, utilizou um par de tênis Nike SB criados especialmente para ele.
Utilizando um exemplo nacional, Rayssa Leal, brasileira que com apenas 13 anos foi medalhista de prata no skate street feminino, garantiu sua premiação também toda vestida de Nike.
A “Fadinha”, como é conhecida, começou a ganhar notoriedade aos 7 anos na rede social Vine ao publicar vídeos mandando manobras fantasiada de fada.
A menina já é uma das grandes personalidades do skate. Recentemente, fez com a Nike uma propaganda intitulada “Novas Fadas”, que faz parte da nova campanha principal da Nike, “Vai no Novo”.
Misturando o lúdico dos contos de fadas, favelas brasileiras e o próprio esporte, a campanha defende uma prática de skateboard mais aberta, incentivando o público feminino e infantil. Você pode assistir a propaganda clicando aqui.
Ninguém melhor que a Rayssa para estampar essa propaganda, visto que elas estão no comando.
As outras duas medalhistas do skate feminino ao lado de Rayssa são Funa Nakayama (16) e Momiji Nishiya (13), atletas que também começaram cedo no esporte e garantiram suas primeiras medalhas olímpicas antes da maioridade. Até onde se tem registro, esse seria o pódio mais jovem da história das Olimpíadas. :O
No skate, tudo é motivo de desejo… as camisetas, as calças, os tênis, o material esportivo, o comportamento e o debate social. Independentemente de quem leva as medalhas, quem ganha é o público.