“Luxo Jr.” foi um despretensioso filme de animação lançado em 1986 (Assista aqui). Este curta-metragem de pouco mais de dois minutos, realizado por John Lasseter, não parecia ter nada demais. A não ser pelo fato de ser o estreante na história da computação gráfica. Uma luminária mãe e uma luminária bebê brincam com uma bola numa mesa de trabalho. Quando a bola é furada, a luminária mais nova é repreendida, mas consegue uma bola nova, ainda maior, e continua a brincar.

 

Luxo Jr.

Ganhou um Oscar? Não. 

Faturou alguma coisa na bilheteria? Nada. 

Mudou a história para sempre? Sim.

Steve Jobs, aliás, viu a oportunidade antes da maioria. Por conta de “Luxo Jr.” o fundador da Apple adquiriu a Pixar, um pequeno estúdio de animação que estava à beira da falência. Dali, mudou-se para sempre a história do cinema com a tecnologia que deu origem à TOY STORY. E, nesta semana, faturou bilhões com o longa DIVERTIDAMENTE 2.

Teve estreia em Cannes. E foi da OpenAI.

Não por acaso, outra história de brinquedos vem para mudar outra história. Mas, desta vez, na publicidade. O link do comercial você tem aqui.

A ORIGEM DOS BRINQUEDOS.
Badaladíssimo em Cannes neste ano, não no
Festival international du film. Mas, no Festival Internacional de Criatividade de Cannes. 

O filme “The Origin of Toys ‘R’ Us” foi a sensação do Festival Cannes Lions 2024. Criado pela Native Foreign usando o modelo de texto-para-vídeo da OpenAI, Sora, o filme gerou muita curiosidade e algumas risadas nervosas.

Sim, ainda é tosco. Ainda.

Vamos começar pelo óbvio: o filme é tosco. A ideia de gerar vídeos a partir de descrições textuais é fascinante, mas o resultado final de “The Origin of Toys ‘R’ Us” parece mais um delírio febril do que uma narrativa coesa. A tentativa de retratar a origem da loja de brinquedos como um sonho do fundador Charles Lazarus, interagindo com a mascote Geoffrey, acaba sendo pouco envolvente. Mas, todo mundo já sacou: é só o começo.

Não muda nada. Mas, muda tudo.

O processo de concepção não parece mudar, ainda. No entanto, o Sora reinventa a produção. O que antes exigia equipes enormes e semanas de trabalho agora pode ser gerado a partir de algumas linhas de texto. Esta eficiência pode ser uma grande vantagem para projetos menores ou para experimentações rápidas no desenvolvimento de ideias. Logo, vamos nos perguntar: é mais rápido ler o roteiro ou ver um SORA?

Vamos começar agora? Não.

Atualmente, o modelo de texto-para-vídeo Sora da OpenAI ainda não está disponível para o público em geral. Sora está em uma fase de testes, acessível principalmente para especialistas em identificar riscos e danos potenciais, bem como alguns artistas visuais, designers e cineastas que estão ajudando a aprimorar o modelo através de feedbacks criativos.

Comparado aos métodos tradicionais, o Sora ainda está longe de ser uma alternativa viável. A qualidade dos vídeos gerados não se equipara ao trabalho de diretores experientes que usam técnicas estabelecidas. A magia do cinema tradicional, com seus detalhes meticulosos e narrativas refinadas, ainda não pode ser replicada por uma IA. No entanto, a tecnologia está em sua infância e há um potencial significativo para melhorias futuras. Só fiquem ligados.

Mas, amanhã vai ser tudo SORA? Também não.

O mais empolgante sobre o Sora é o que ele representa para o futuro. Esta ferramenta aponta para um futuro em que a criação de conteúdo pode ser mais acessível e rápida, permitindo que ideias sejam testadas e visualizadas quase instantaneamente. À medida que a tecnologia evolui, podemos esperar que a qualidade melhore exponencialmente, possivelmente revolucionando a maneira como PENSAMOS vídeos.

MAS, calma lá.

A Native Foreign conseguiu utilizar o Sora porque tem acesso alpha ao modelo. Este acesso foi concedido a poucas entidades específicas como parte de um teste antecipado que ainda não está disponível para o público geral.

O Sora da OpenAI é uma inovação interessante que ainda tem um longo caminho a percorrer antes de substituir métodos tradicionais de produção. Ele oferece um vislumbre de um futuro promissor onde abre-se novas possibilidades para criadores. No entanto, por enquanto, é uma ferramenta rudimentar que ainda não consegue competir com a arte e o artesanato da produção audiovisual tradicional.

 

De volta ao futuro

Assim como “Luxo Jr.” não parecia grande coisa quando foi lançado em 1986, “The Origin of Toys ‘R’ Us” pode não parecer impressionante hoje. Mas, tal como o curta de John Lasseter que deu origem à revolução da Pixar, o Sora está plantando as sementes de uma nova era na criação de vídeos. Uma revolução, é inegável, apresenta-se num horizonte próximo. E quando isso acontecer, vamos lembrar de onde tudo começou, com um sonho de brinquedo.

Fábio Henckel

Diretor de criação

O Fábio vai fazer você ter muitas dúvidas sobre o futuro da sua marca. E depois te ajudar a desenvolver muitas certezas sobre elas. Com 20 anos de experiência, ele já foi reconhecido com o Galo de Ouro, no Festival Internacional de Gramado, Redator do Ano no Salão Promocional da ARP e Bronze no Prêmio Latino Americano Wave

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