Depois que comecei a observar as pessoas e seus comportamentos, minha visão sobre o consumo mudou. Principalmente porque percebi algo crucial para que o resto fizesse sentido: eu não sou especial, e você também não é.

Quem nunca ouviu ou leu na internet coisas como “iPhone? Isso é besteira, tem que ser muito massa de manobra para pagar caro só porque é da Apple, prefiro meu Xiaomi!” ou “Roupa de treino da Nike? Não preciso disso, vou na Decathlon e compro por muito menos!” ou  “Zara? Tô fora, no máximo vou na Renner!”? Ou até mesmo aquela pessoa que diz ser tão evoluída por não cair no papo das marcas, não pagar tanto por bolsas, carros ou qualquer outra coisa “de marca”.

A questão aqui não é que quem paga mais caro está certo e a outra pessoa está totalmente errada. Sabemos bem que muitos produtos e lojas têm o preço que têm muito mais pelo seu valor de marca do que pela qualidade do produto em si.

O fato é que essa pessoa tão “inteligente” é tão persuadida pela indústria quanto a que tanto critica. Aquele que não cai no “papo” das grandes marcas continua consumindo de alguma outra empresa. Afinal, você pode até não comprar da Apple, mas compra da Xiaomi, Samsung, Motorola ou qualquer outra. Pode até não frequentar o mercado “mais famoso”, mas vai no do bairro onde o slogan é “Valorize o seu tempo”, que basicamente diz: “Não perca mesmo o seu tempo indo até o mercado que é longe, venha ao nosso que é pertinho de casa, bem mais caro”, mas essa parte você provavelmente já esqueceu.

Enquanto você lê este texto, em uma sala, em algum lugar do mundo, há uma equipe estudando justamente você, o seu comportamento, o que você prefere comprar, quanto você está disposto a gastar, e decidindo se é mesmo o alvo deles ou não. E, caso seja, prepare-se para muito provavelmente continuar sendo. Afinal, você prefere pagar até X valor em Y produto, costuma comprar pelo site, em seu cadastro mostra que você já consome da loja deles há um tempo, e agora a missão é que você continue comprando e não priorizando outras marcas.

Foi naquela farmácia de sempre porque não dá bola para a mais famosa? Ótimo, eles já têm o seu CPF e sabem exatamente o descontinho que costuma receber daquele remédio, e claro, já estão esperando você daqui a 30 dias (no máximo).

“Ah, mas eu não estou do lado de nenhuma!”. Fique calmo: provavelmente você já está incluso na porcentagem de clientes que não são fiéis à marca. E, caso você seja o cara que paga bem mais caro e se orgulha disso, com você também não é diferente. Tem muita gente estudando você, cada clique seu, cada cadastro seu e cada mínima comprinha sua. Eles até querem que você se sinta especial, mas adivinha, você não é. Afinal, somos todos reféns do sistema.

Para finalizar, deixo essa cena icônica de “O Diabo Veste Prada”, que diz tudo por si só: 

Assista aqui:

Ana Paula Cadaval

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