Na década de 80, John McEnroe era o tenista a ser batido. No auge da sua forma física, ele destruía seus adversários jogando um tênis sublime, beirando a perfeição. Um exemplo claro de alguém que nasceu para fazer o que faz. Em 1984, então com 25 anos, Big Mac, como era conhecido, chegou à finalíssima de Roland Garros contra o tcheco Ivan Lendl. A partida parecia ganha quando abriu dois sets a zero jogando em um ritmo alucinante e desfilando toda a sua genialidade nas quadras. De repente, começou a errar saques e jogadas fáceis e permitiu uma virada histórica de Lendl. O público estava chocado. “Até hoje eu tenho pesadelos com aquele jogo e penso em como minha vida poderia ter sido diferente caso eu tivesse vencido”, conta McEnroe. A culpa dessa e suas outras derrotas, claro, nunca era dele. Quando algo dava errado, a culpa era da serragem que não estava na textura correta, o ruído do fone dos cinegrafistas que estava enlouquecendo-o, a temperatura que estava lhe incomodando e, mais comumente, os juízes, que simplesmente “queriam” que ele perdesse. Quando vencia, os méritos eram seus. Quando perdia, a culpa era dos outros. John McEnroe é um exemplo clássico de mindset fixo.
Para pessoas com esse tipo de mentalidade, ou se nasce com talento, ou você está fadado a ser um perdedor. Não existe meio-termo. E quando algo desafia sua genialidade, como as derrotas, essas pessoas tratam rapidamente de colocar as razões em fatores externos. O talento, nesse caso, precisa ser defendido com unhas e dentes, sob o perigo de ser visto como uma fraude. Naturalmente, essas pessoas evitam treinar ou sair de sua zona de conforto, pois qualquer demonstração de fracasso pode afetar drasticamente a maneira como são vistas. Esse pensamento acaba travando muitas pessoas, que são excelentes em suas áreas, de irem para o próximo nível. Elas dão mais importância para o resultado do que para o processo. Logo, o resultado é tudo o que importa.
Mal sabem elas que o processo é a principal força motriz dos resultados que saem de seus (não) esforços. Muitos julgam Michael Jordan ou Tiger Woods como talentos natos inalcançáveis, mas poucos entendem a quantidade de treino e derrotas que foram necessárias para moldar suas personalidades vencedoras. Pessoas como eles veem derrotas não como uma afronta ao seu talento natural, mas como um incentivo para melhorar suas habilidades, encontrar suas falhas e treinar com mais afinco. Eles não nasceram para o sucesso. Eles foram moldados para ele através de muito suor. Esse é o mindset de crescimento.
Em seu livro Mindset: a nova psicologia do sucesso, a PhD Carol S. Dweck explica as diferenças fundamentais dos dois tipos de mentalidades em exemplos nas mais diversas áreas, como educação, esportes, trabalho e relacionamentos. A forma como pensamos e agimos é um fator decisivo para que todo o nosso potencial seja explorado. É um alento para quem acredita que não possui nenhum diferencial e um alerta para quem acha que já chegou ao seu auge. Se você acha que não pode mais evoluir e que seu talento é insuperável, pense duas vezes. Talvez você precise mudar o mindset.